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domingo, 30 de março de 2008

Caché de Michel haneke


Em “Caché”, o diretor Michael Haneke leva seus personagens a um jogo repleto de suspense e questiona as razões que os levam a omitirem fatos tão essenciais para sua própria sustentabilidade.Há aproximadamente três meses, milhões de usuários do Orkut, famoso site de relacionamentos na Internet, ficaram em polvorosa quando a página começou a listar os nomes dos visitantes de cada perfil. Um fato desses comprova que ninguém gosta de ser observado, mesmo em um site criado para "espiar" a vida alheia. O olhar do outro nos incomoda, aborrece, intimida. É partindo dessa premissa que é tecida a história do filme “Cachê”, produção de 2005, escrita e dirigida pelo austríaco Michael Haneke.Pontuado por tensões crescentes e constantes, o longa-metragem é um suspense sólido. Há quem possa compara-lo a filmes do mestre do suspense Alfred Hitchcock, por apresentar situações claustrofóbicas e revelar uma trama repleta de histórias encobertas. Mais que um suspense, “Caché” é sobre rupturas. Por vezes bruscas, em outras silenciosas, as quebras apresentam-se de maneira significativa na vida da pacata família de classe média francesa, imersa em livros, vinhos e amigos intelectuais, todos buscando expor suas qualidades para mascarar frustrações relacionadas ao convívio com seus (de) semelhantes. O casal Georges e Anne Laurent, interpretados por Daniel Auteuil e Juliette Binoche, vive tranqüilamente com o filho Pierrot (Lester Makedonsky) até iniciar-se um ciclo de suspense. O casal passa a receber fitas VHS que trazem filmagens de seu cotidiano. Inicialmente, um voyeur ou algum fã de Georges, apresentador de um programa de tv sobre crítica literária, teria criado a brincadeira de mau gosto. Ao longo dos dias e das semanas, o conteúdo das fitas torna-se mais intrigante, manifestando o conhecimento do observador sobre a rotina de todos da casa. A partir daí, Haneke, que também dirigiu “Violência Gratuita” (1997) e “A Professora de Piano” (2000), entretém o público de maneira quase hipnótica, levando-o para um clima de tensão que não se estabiliza em praticamente nenhum momento. O clima tensivo se repete, bem como a apreensão, escondida na aparente calma de Georges diante de uma situação limite, que foge ao seu controle, principalmente quando ele parte em busca de seu passado marcado por egoísmo e aspereza. Ao tentar proteger a família e, principalmente, enterrar seus fantasmas, Laurent entra em um caminho sem volta. Sua arrogância intrínseca e sua brutalidade calcada em princípios pessoais duvidosos acabam por leva-lo a confrontar-se com seus semelhantes – e porque não consigo próprio? – de maneira drástica. Omitindo detalhes, mentindo sobre fatos e jogando com o benefício da dúvida de todos à sua volta, Laurent envolve-se em uma trama sem fim, como o próprio diretor materializa na tela. Câmeras estáticas, tomadas amplas, olhar em primeira pessoa e sensações eminentes de pânico e incômodo reforçam a atmosfera de suspense que permeia todo o filme “Cachê”. O longa foi premiado em diversos festivais internacionais, como em Cannes, levando os títulos de melhor direção e ganhou vários prêmios do juri.




por Veronique .

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